Testemunhos


São Paulo, 06 de fevereiro de 2013.

“O que você trouxe para a Experiência Missionária? E o que você leva?”. Estas foram duas perguntas feitas aos missionários durante a avaliação da Experiência Missionária de 2012. Para dar uma resposta, refleti sobre muitas coisas. Lembrei-me de quando ainda estava em casa preparando as malas para a missão: “o que levar?”, era o que pensava. A quantidade de roupa, as coisas indispensáveis, a mala a ser preparada, tudo isso era preocupação para enfrentar os próximos 40 dias desafiadores da missão na amazônia. Nunca havia ido para a região, nem fazia ideia do que iria encontrar pela frente, mas a missão estava lançada: ir e evangelizar o povo de Deus da paróquia de Belterra. Junto das roupas, outras coisas acabaram indo na mala inevitavelmente: o medo, a insegurança, os preconceitos. Mas também ia comigo a Esperança, a Coragem e a Confiança em Deus.

Assim foi que cheguei em Belterra, no Pará, e foram estes os pertences levados para a Experiência. Logo de cara, deparando com a realidade, percebi que levei muito mais coisas do que realmente necessitava. Outras, como o medo e a insegurança, percebi que eram extremamente obsoletas. Contudo os preconceitos, estes foram ficando pelo caminho e deixados de lado na medida em que conhecia cada pessoa nova.

Em contrapartida, quanta coisa fui utilizando e adquirindo no meio do caminho... Quanta Coragem foi necessária para anunciar o Evangelho... Enfim, a mala precisou ser forte e resistente para comportar tudo o que fui ganhando ao longo da missão: o carinho das famílias, a acolhida do povo belterrense, o aprendizado com as experiências e histórias de vida... Tudo isso e muito mais foi o que levei de volta para São Paulo. E isso tudo foi o que pude refletir pela pergunta da avaliação: “o que você leva?”.

Para quem imaginava que São Paulo tinha tudo o que era preciso para se viver, e que se estava em uma cidade cheia de facilidades e acessos, certamente esta Experiência veio mudar esta visão e fez compreender como é rico o nosso país. Para quem pensava que tinha levado na mala tudo o que era necessário para passar 40 dias, descobriu um novo sentido da palavra Necessidade. Para quem tinha  a certeza de que era um cristão e evangelizado, aprendeu que a verdadeira fé é expressada na vida, no mesmo lugar em que ela luta para sobreviver, ao lado daqueles mesmos que encontram em Deus sua motivação para viver.

Dessa maneira, louvo e agradeço a Deus por ter vivido cada um desses dias, por ter vivenciado cada um destes momentos e, acima de tudo, por sua graça infinita ter me feito cada vez mais feliz.

Sem. Renato G. Alves
Diocese de Campo Limpo - SP





 EXPERIÊNCIA MISSIONÁRIA... “escola de vida!”

Mais uma vez tenho a graça de participar da experiência missionária - para mim a 5ª nesta Diocese de Santarém!

Digo “graça”, pois realmente são tantas as realidades que me levam agradecer e reconhecer as maravilhas que o Senhor faz e realizou ao longo desta caminhada.

Em primeiro lugar destaco a presença amorosa de Deus que nos acompanhou. ...Vivemos com intensidade os dias de preparação à missão na paróquia de Santo Antônio em Belterra junto com seminaristas, religiosas e neste ano também com um casal de leigos. Com a força do Espírito, junto a três seminaristas fomos enviados em missão na comunidade de Jamaraquá, à beira do Rio Tapajós... , missão não escolhida, mas que Deus tinha preparado para nos!

Encontrando as famílias em suas casas simples e humildes e escutando as pessoas com suas histórias de luta, percebemos os desafios desta realidade; é um povo que sofre, resiste às ameaças e aguenta tantas coisas, mas é feliz!

As politicas públicas pouco oferecem para uma vida digna. Muita carência em nível de educação e de saúde.  As maiorias dos jovens procuram sair desta realidade para encontrar nas cidades vizinhas, estudo e trabalho em vista de um possível futuro melhor. As distancias entre uma comunidade e outras são enormes e, em épocas de chuva, as estradas são quase intransitáveis.

 Mas apesar de tantas dificuldades percebemos a tamanha fé deste povo que resiste, não desanima, nem se resigna; mas, sim, luta e se esforça para encontrar saídas, vivendo em harmonia com a criação e no respeito ao meio ambiente e às suas riquezas naturais.
Como grupo somos hospedados na casa de dona Alaíde, evangélica, que coloca sua casa coberta de palha a disposição da gente, preparando a nossa comida, com a colaboração do peixe que os vizinhos traziam fresquinho todos os dias. Com ela convivemos momentos bonitos, partilhamos as alegrias e as dificuldades, escutamos histórias sofridas, rezamos juntos, experimentando que o amor une e que o “Reino já está no meio de nós”!
Mais uma vez constatamos que este tipo de “missão” se torna para quem é aberto “uma escola de vida”, um aprendizado... O dia a dia com seu ritmo, seus imprevistos, seus apelos e às vezes suas fadigas e limites nos fazem experimentar a alegria que Deus concede àquele que põe nele a sua esperança. O Natal ao longo da experiência missionária é sempre um momento de graça especial permitindo-nos vivenciar e saborear a profundidade do mistério de um Deus que nasce na palha e experimenta a exclusão. E que a verdadeira alegria não vem das coisas, mas sim de Deus que de “rico se fez pobre”.
Agradeço pelos apelos experimentados, pela convivência com aquele povo que tanto me ajudou, agradeço pela caminhada feita em equipe e no intercambio dos dons pessoais junto aos seminaristas e à comunidade local e, como Maria, “guardo em meu coração todas estas coisas”, louvando e bendizendo ao Senhor.


Ir.  Ana Clara Corino – irmãs de S. José. 

Queridos (as) Irmãos (as)
   “nenhuma comunidade cristã é fiel à sua vocação se não é missionária”.
Partilho com todos vocês a experiência missionário de 2011, realizada na área da várzea de Santa Maria de Uruará, Santarém- Amazônia.
A primeira impressão é que as pessoas que ali vivem são muito acolhedoras  e felizes mesmo tendo poucas coisas para viver; os quarenta dias de missão possibilitaram momentos de formação, partilha retiro e visitas as famílias das comunidades ribeirinhas do rio Purus, Amazônia e rio Xicaia. Conhecendo essa realidade, Perguntei-me o que move essa boa gente diante de tantas dificuldades, sacrifícios, entre ora viver na terra firme, ora viver em cima da água, ambos marcados pelo descaso das politicas públicas na saúde, educação, saneamento etc.
A resposta vinha da alegria de como eles celebram e vivem sua fé na simplicidade, na partilha e no despojamento do cotidiano; também era possível presenciar em algumas comunidades a luta para defende a floresta do desmatamento, o esforço para manter o acordo da pesca para preservação dos rios do qual depende para sobreviver e a garantir a sustentabilidades das comunidades. Ser uma missionária nesta realidade não brincadeira, nem é uma viagem de férias para conhecer as maravilhas da Amazônia; é antes de tudo um despojamento e um testemunho de ser sinal de Deus junto ao povo ribeirinho. A nossa missão nas comunidades foi marcada pela acolhida, pelo sorriso, os cânticos, o olhar tímido das crianças, simples merenda. Foi com esse jeito carinhoso que missionários foram recebidos.
Assim fomos conhecendo as comunidades, as famílias, e as equipes catequéticas de: Itamucuri, e Aparecida, Santa Luzia do rio Purus. Os quarenta dias de missão me fez meditar o que é realmente ser uma missionária; não é só percorrer distancias ou fazer longas horas de rabeta, comer o que o povo come, dormir de rede, conhecer famílias, realidades novas; mais é antes de tudo fazer a difícil viajem de sair de si mesmo, com a mesma disponibilidade de Maria: “ faça se em mim segundo a tua palavra”.
Cada família visitada nos permitiu escutar suas histórias de vidas; aprendi a não ser mestre, mas aprendiz, a receber deste povo, simples e humilde o sentido de ser missionária. Sem dúvida, a experiência nos permitiu criar novos laços, novo jeito de ver a vida, novo jeito de ser igreja missionária na Amazônica.
Agradeço muito a Deus por esta experiência missionária que fortalece a minha consagração a Deus. Obrigada pelos missionários seminaristas com os quais partilhamos e comungamos esta missão. Não posso terminar sem um profundo agradecimento a todos as famílias que nos acolheram e pelas varias ajudas disponibilizadas e a todas as comunidades que tão bem nos receberam em especial a Comunidade Boa Vista, Itamucuri, São Judas, Aparecida, Santa Luzia e Santa Maria. Agradeço pelas longas partilhas das suas experiências missionárias pelo testemunho.
QUE NESTE ANO MISSIONÁRIO, POSSAMOS SER UMA IGREJA MISSIONÁRIA COMPROMETIDA COM CRISTO
A todos Deus abençoe com bênçãos espirituais hoje e sempre.
Um abraço em Cristo, Irmã Maria das Graças

Instituto das Irmãs de São José- Boa Esperança – Santarém

UM TEMPO DE APRENDIZAGEM

A quarta Experiência Missionária foi um momento especial para minha vida, pois me fez compreender a importância e necessidade de, no dia a dia, viver uma nova realidade constituída de desafios e, sobretudo, de compreensão acerca da missionariedade na perspectiva de ser Discípulo Missionário. A necessidade de adentrar num contexto de vida que é totalmente diferente do qual estou acostumado motivou-me a estar na Experiência Missionária.
Estar junto com os povos ribeirinhos, às margens dos rios Amazonas, Cuçari, Uruará e outros, foi um tempo aprendizagem, de escuta e de valorização do outro. Um contexto que tem muito a me ensinar. As pessoas sobrevivem da atividade pesqueira e agropecuária. O estilo de moradia, casas adaptadas ao período da cheia, tudo me motivou e me fez uma pessoa feliz, consciente das decisões que dia após dia estou tomando, em vista do ideal do sacerdócio, que a graça de Deus me propõe.
Ao retornar aos estudos, a vida no seminário, tenho a certeza de que algo será diferente, seja na vida acadêmica, pastoral, espiritual, comunitária e humano-afetiva, pois melhor viverei essas dimensões que norteiam a formação presbiteral. Há muito tempo desejava fazer uma experiência como essa, a de permanecer no meio de um povo simples, que sabe com alegria acolher os visitantes, que nas dificuldades do dia-a-dia valoriza as pequenas coisas e vive feliz.
As visitas, os encontros com as famílias, o diálogo, as historias de vida que iam sendo reveladas me ensinaram  a ter atitudes positivas, como: saber escutar, acolher o diferente e valorizar as coisas simples, agradecer e estar em atitude de gratidão a Deus e em poder compartilhar do sofrimento de outras pessoas.
Para a minha vida enquanto pessoa e depois como candidato ao sacerdócio, muitas luzes são indispensáveis. Esta experiência me confirma sempre a necessidade de viver o desapego, ser mais flexível às questões e confiar em Deus.
Senti que é possível viver como ribeirinhos e ser feliz. Ao entrar e cada lar, no encontro com as famílias, observava que a vida vai acontecendo no dia a dia, nas coisas simples, no amor, na fraternidade possibilitando as pessoas se conhecerem e serem próximas.
Durante a Experiência Missionária vieram-me sempre os questionamentos diante das interpelações: como pessoas que estão vivendo distantes dos grandes centros, em que a globalização, a tecnologia e outros meios as colocam no contexto da modernidade são felizes? Como é ser padre em lugares tão distantes, onde o acesso é difícil, onde as pequenas comunidades usam como meio de locomoção, o barco, a canoa-rabeta (espécie de canoa a gasolina)?
Como esquecer do grande desafio de morar sozinho, navegar, fazer as passagens pelo rio Amazonas em momentos de tempestades? Viver na solidão? Como é possível viver feliz com o mínimo, sem apego?
Ao entardecer de cada dia, pensando nos encontros realizados com as famílias, jovens, crianças, via e sentia alegria das pessoas em oferecer o pouco que possuíam, colocando-se a disposição sem medir esforços, sem pensar que manhã poderá fazer falta. Algo que muito me chamava atenção era o comportamento das crianças. Ao encontra-las, presenciei um gesto que inúmeras vezes repetiu-se, mãos estendidas pendido a benção acompanhada de um forte abraço. Para um missionário isto já era uma recompensa.
Assim vinha a resposta, se essas pessoas vivem felizes, são pessoas de bem, por sinal elas nos encantam com jeito de ser e de se expressar. Eu descobri que viver essa realidade não seria algo impossível. Foi um tempo especial de graça, de aprendizagem e de confiança total em Deus.
                                      
                                       Alcides Alves da Silva, seminarista da diocese de Santarém.

Testemunhos dos seminaristas participantes da Experiência Missionária
Valdson Nunes da Silva.
03 de janeiro de 2012

A V Experiência Missionária foi um acontecimento marcante na minha vida. Nesta minha primeira Experiência Missionária pude experimentar o amor de Deus nos rostos dos nossos irmãos tão sofridos. Em cada visita presenciei a necessidade de conhecer a Palavra de Deus em cada família. Entre ela, uma chamou minha atenção: o fato de uma dona de casa que sofria agressões físicas de seu esposo. Este lhe impedira de ajudar nos trabalhos da Igreja. Vi assim, o quanto é urgente uma evangelização para as famílias que dê o verdadeiro sentido de ser cristão.
Nos encontros e celebrações foram acontecimentos marcantes. O encontro dos jovens, onde pudemos ver a alegria da juventude da cidade de Almeirim em acolher os missionários. Também foi lindo o entusiasmo missionário dos catequistas que não mediram esforços para nos ajudar nas visitas.
Por isso agradeço a Deus pela a sua infinita misericórdia que não cessa de derramar a sua graça em nossas vidas para transformar outras.


Dijailson Canuto Martins – Nazaré da Mata – PE
02/01/2012
Semeei a Palavra, um dia o fruto vem.
Durante esta primeira etapa da Experiência Missionária tive a oportunidade de conhecer a realidade de vida deste lugar, o costume do povo local, as estórias e conviver e conviver com o diferente que por aqui se faz presente. Tudo isso, me ajudou a criar em mim mesmo, uma consciência de adaptação missionária existencial: “Quem eu sou. Onde estou. O que vim fazer.” A partir deste posto começo a perceber a importância da missão como lugar prioritário na formação seminarística.
Neste período procurei ir ao encontro das pessoas. E eles me acolheram. Acolheram-me como missionário da Igreja de Deus. Amada igreja de Deus! Procurei cultivar, nessa relação, a atitude de ouvinte mais que de falante. No entanto, não deixei de anunciar a Palavra e de falar de esperança, fraternidade, seguimento e de convidar as pessoas a fazerem a experiência do Cristo na comunidade reunida como Igreja viva.
Atuei no distrito 07, juntamente com mais sete missionários. Um grupo muito bom, fraterno e entrosado. Procuramos estar juntos e unidos para orar, fazer refeições, trabalhar e celebrar. E tudo isso, graças a Deus, aconteceu da melhor maneira possível.
Ao todo, visitei 56 casas. Participei de todos os momentos celebrativos e reuniões, quer na capela, quer nas casas das famílias. Aqui vi e senti Deus nas mais diversas faces desse lugar e dessa gente. Semeei a Palavra, se o terreno é bom, um dia o fruto vem...

Cherlison Carneiro.

Em todos os lugares compartilhava e meditava a Palavra de Deus na vida das pessoas. E assim, aquele carinho me contagiava com suas palavras, suas histórias, suas lamentações. Em cada casa que eu ia via o rosto das pessoas simples, humilde e que transbordava um lindo amor do mais profundo que existe.
É ver as crianças alegres, é ver as mães assistindo seus filhos, é ver os jovens caminhando, participando do Projeto de Deus em suas vidas. Tudo isso. A cada momento me faz refletir, lembrando o canto do profeta Isaias: “O Senhor Javé me deu a capacidade de falar como discípulo, para que eu saiba ajudar os desanimados com uma palavra de coragem. Cada manhã ele faz meus ouvidos ficar atentos para que eu possa ouvir como". (Isaias 50,4).
Passeava então nos meus pensamentos e preocupava sobre a situação de tantas famílias que precisam de alguém para ouvir, para conversar. Sentia-me tão feliz quando as pessoas diziam: “Obrigado pela visita!” Não sei se fiz o necessário, se fiz aquilo que eles queriam, mais que não ensinei, mas aprendi. Exige de mim uma abertura constante, pessoal e comunitária, para responder aos desafios de hoje.
É a missão de fidelidade, missão de Jesus.
Portanto, a missão permite criar novas relações, um novo jeito de olhar minha vida e a vida de outras pessoas, e assim, um novo jeito de ser Igreja.

Irmão Bruno
O lema da Experiência Missionária “fui alcançado por Cristo”, ficou como um pedido de graças a serem recebidas.
No distrito 06, no dia 28 de dezembro de 2011, tive clara percepção de que “fui alcançado por Cristo”. Eis o fato: era a noite do encontro com as lideranças e como era, justamente, o ponto crítico deste distrito, escolhemos propositalmente a leitura de Atos 2,42ss. Pe. Rubinei, inspirado, contou a história da comunidade criada no trapiche, onde uma criança caiu no rio e ninguém se mexeu. Um homem amarrou-se numa corda dizendo: “eu me jogo na água para salvar a criança e quando eu der o sinal vocês puxam a corda". A comunidade, acomodada, deixou a corda cair na água e os dois se afogaram. É o sinal de uma comunidade que não soube assumir sua responsabilidade. O mesmo acontece entre nós, quando se diz: “vamos ao barracão da Gessi”. Uma pessoa sozinha não faz comunidade. (uma andorinha só não faz verão).
Aí houve, por parte dos presentes, uma tomada de consciência ou, digamos, uma mudança de qualidade. Quase no final chegaram três homens, pais de família: Laércio, Ednelson e Big. Aí, juntaram-se o fato de um senhor evangélico ter doador R$ 20,00 para o pagamento de uma promessa por uma graça alcançada quando ainda era católico, fato que o padre Rubinei transformou na aquisição de uma grande cruz de madeira para a fachada da capela.
A ideia de se perpetuar a estrela guia do Natal, como lembrança perene da Experiência Missionária com o letreiro: Comunidade Nossa Senhora do Perpétuo Socorro.
Graças à virtuosidade artística e abnegação de Big, a obra foi concluída e colocada na sexta-feira, dia 30, dia da Sagrada Família e dia do encontro com as famílias do distrito, para a satisfação de todos.

Pais alcançados por Cristo através de seus próprios filhos.
De 12 a 17 crianças vieram durante uns dias, sempre às 16 horas, no distrito, para aprender cantos de natal.
Tantas crianças reunidas criam uma dinâmica às vezes desencontrada.
Para sustentar a sua perseverança tinham que fazer instrumentos feitos de latinhas, cheias de pedrinhas ou sementes.
O lugar do encontro variava: capela, beira de rua, sombra de cajueiro, etc. Foi se mudando a composição do grupo e foi se aprimorando. Sabiam um dos cinco cantos decorado.
O propósito era cantar nas ruas do distrito 06, bem cedo, no domingo de Natal. Na hora marcada não apareceu ninguém. Será que Jesus menino havia sido vítima de m trote? Com quase duas horas de atraso, chegou Rian, menino de oito anos, filho de mãe solteira, que na véspera tinha vindo sozinho à missa, e que chamara a atenção do celebrante por seu comportamento diferente dos demais.
Resolvemos sair, pequeno rebanho, com a estrela guia confeccionada de papelão.
Logo, um pai, já sentado na moto, parou e escutou, e seus filhos se juntaram a nós. Este pai “foi alcançado por Cristo”, pelos seus próprios filhos.
Continuamos a nossa missão e as portas foram se abrindo, e não faltava refrigerante e bolo para as crianças. [Bem merecia ser documentado no DVD, mas o fotografo, embora convidado, não se fez presente, por isso ficou registrado aqui.]

Francimar F. Lopes – Palmas – TO
Esta Experiência Missionária tem sido uma constante manifestação de Deus em minha vida e posso testemunhar, sem medo, que neste período em que contemplamos o nascimento de Jesus e providencialmente, essa Experiência Missionária, eu tenho vivido um profundo renascimento vocacional, pois neste momento em que a Igreja celebra a troca de dons entre o céu e a terra e a transformação que a Igreja contempla no mistério do Natal tem se dado constantemente no meu coração, pois me levou a sair de mim mesmo para ir ao encontro de Deus que se dar no outro e na cidade de Almerim dentro de cada casa em que fui acolhido, olhando para aquelas pessoas, sobretudo jovens, sedentos da Palavra de Deus, que por muito fora substituída pelas injustiças humanas e pelos próprios desejos carnais que se resultam em um grande número de mães separadas dos pais de seus filhos, mas também nas família que quanto mais simples mais felizes celebravam sorridentes o nascimento de Jesus. Eu pude perceber que muito mais que dar eu recebi de aprendizado e senti que por meio deste despojamento que foi proporcionado pela missão, Jesus encontrou espaço bem maior para nascer dentro de meu coração.

Diác. Raimundo Nélio M. Cardoso
Dentre todas as Experiências Missionárias, o que mais me atraiu foram os lemas. Por este motivo, fiz questão de adotar dois deles para as minhas ordenações: “Eu estou no meio de vós como aquele que serve”(diaconal) e “Faça-se em mim segundo a tua Palavra”(presbiteral).
Confesso que nesta quinta edição da Experiência, o lema foi além, como que reuniu todos os demais. “Fui conquistado por Cristo Jesus” (Fl 3,12). Realmente, a cada momento era assim que me sentia – vencido, conquistado por Cristo Jesus.
Ele me conquistou quando me chamou e me enviou e não me deixou só. Ele me envio ao encontro das pessoas. Nas pessoas encontrei aquele que me enviou. E no encontro com deus no outro, pude encontrar comigo mesmo. Uma graça recíproca na missão: eu encontrava Deus nas pessoas que abriam as portas de sua cassa e de seu coração para receber um missionário, assim como as pessoas se sentiam visitadas por Deus no missionário que entrava.
A sensação era extraordinária, transcendente! Experiência incomum, sem igual! Nma atitude de escuta, ouvia atentamente cada relato. E uma vez conquistado por Cristo Jesus, pensava comigo: não dá para deixar no anonimato tão grande graça na vida das pessoas. Tive a certeza de que Deus se fez presente a cada instante em nossas vidas, ainda que seja em meia a sofrimentos e sem se dar conta desses fatos..
A ação de Deus precisa ser testemunhada e os sinais dessa ação propagados. O encontro da Palavra de Deus que ilumina a realidade da vida e a vida que se faz bela fundamentada na Palavra não pode permanecer oculto. Tenho que testemunhar, tenho que partilhar para que outros percebam Deus em suas vidas.
Experiência Missionária, um chamado de Deus no tempo. Meu sim a Deus para toda a vida. Uma vida de serviço, doação e simplicidade que exige partir e chegar, buscar e encontrar, perder e ganhar, ensinar e aprender, falar e escutar, comungar e partilhar, conquistar e ser conquistado, amar e ser amado. i
Enfim, vou desta Experiência com a certeza de que ser missionário me exige estar em estado permanente de conversão. Isso significa se deixar a cada dia ser “conquistado por Cristo Jesus.


Rodrigo Lopes Matos
“Fui conquista do por Cristo Jesus”. (Fl 3,12)

Esta Experiência proporcionada por Dom Esmeraldo, bispo da Diocese de Santarém, Região Oeste do Pará é de grande valia aos padres, diáconos, seminaristas, religiosos(as) e leigos(as) de todo o Brasil, que disseram sim a esse chamado, sendo “conquistados por Cristo Jesus”(Fl 3,12). Experiência que faz aproximar a Igreja do Povo, fortalecendo a fé deste, bem como, a vocação dos membros da Igreja.
A paróquia de Nossa Senhora da Conceição, município de Almerim foi a escolhida para acolher esta equipe de mais de 80 missionários de todo Brasil. Uma pequena cidade com mais de 15 mil abitantes(zona urbana), pacata, acolhedora, de um povo jovial e confiante em Deus.
Eu, Rodrigo Lopes Matos, seminarista da Congregação do Verbo Divino – região amazônica – Brasil, sendo natural daqui já tinha uma noção da realidade que encontraria na acolhedora Almerim, sua cultura, suas necessidades, bem como, a atitude do povo em acolher esses missionários.
Santo Arnaldo Janssem, fundador da congregação do Verbo Divino(SVD), sempre ensinava que “... O anúncio do Evangelho, é a expressão mais sublime do amor ao próximo”. Foi através deste amor, que me senti chamado a participar deste acontecimento, abrindo mão das férias, Natal, ano novo, até mesmo meu aniversário junto com a minha família para viver tudo isso, junto ao povo de Almerim.
Entre os dias 21 de dezembro de 2011 até o dia 02 de janeiro de 2012, estive convivendo na comunidade de São Benedito, distrito 07, considerada uma das regiões mais carentes da cidade. Entre uma visita e outra pude me encontrar no rosto de cada família, que abria as portas de suas residências para nos receber, ouvir um pouco da Palavra de Deus e compartilhar sua realidade.
Mediante estas visitas observei a falta sacramental nas famílias, desde o matrimonio dos pais até o batismo dos filhos, os “casais ajuntados” e a forma como estão caminhando as famílias deste distrito. Apesar desta realidade e a falta de oportunidades de emprego, saneamento básico, entre outras dificuldades, o povo não perde a fé. E diante disto, ao batermos na porta anunciando que somos missionários da Igreja Católica, para uns fou uma surpresa, para outros uma luz, um auxílio, um mensageiro da paz. E isto não somente nas famílias católicas (a maioria não praticante), mas também nas família de outras denominações religiosas, que nos felicitavam pela iniciativa e nos acolhiam com todo o carinho de verdadeiros irmãos em Cristo Jesus.
Durante este período me senti mais fortalecido e confiante na minha caminhada, me sentindo parte de cada família, e algumas famílias certamente guardei com todo o carinho do coração. A saudade que sentimos da família em nossas cidades para estarmos aqui, sem dúvida, é grande, mas aqui encontramos pessoas que amenizam esta grande saudade.
“Se alguém vem a mim e não dá preferência mais a mim do que ao seu pai, à sua mãe, à mulher, aos seus filhos, aos irmãos, às irmãs,  e até mesmo à sua própria vida, esse não pode ser meu discípulo. Quem não carrega a sua cruz e não caminha atrás de mim, não pode ser meu discípulo.” Lc 14 26-27. É por essa escolha que nós missionários temos que aprender todos os dias a deixar tudo para trás e seguir a Jesus aonde ele nos chamar, vivendo outras realidades, outras culturas, outros olhares de Igreja, sempre humildes e compreensivos com o que encontraremos pela frente.
Desde já agradeço a Dom Esmeradldo pela oportunidade proposta a cada missionário, de um convívio entre religioso e o povo de Almerim, que tanto nos acolheu com carinho, e que a messe não pereça por falta de operários. Que o deus Uno e Trino continue fortalecendo este seu humilde servo, que comandará sua Igreja de Posto Velho no espírito da missão. “Senhor Jesus Cristo e Deus, nosso Pai, qu nos amou e ns deu consolação eterna e boa esperança pela sua graça, consolem os vossos corações e os confirmem para toda boa obra e palavra...” (II Ts 2,16.



Aldinei Prata de Lima

A Experiência missionária me fez viver uma bonita experiência de Deus em minha vida. A missão me ensinou, ainda, que é importante ter consciência que quando sou enviado em missão é porque Deus quer se revelar por mim e para mim. No entanto, é necessário ver as coisas com os olhos da fé para poder compreender o amor recíproco de Deus.
Fazer missão é entender que a mensagem de deus está no meio da vida e do mundo, sempre pronta para ser encontrada. Porém, é preciso cultivar um olhar atento e transparente para reconhecer os inúmeros sinais da presença divina que se revelam nas experiências cotidianas.
A Experiência missionária me ensinou que é preciso ter um coração aberto e desarmado para perceber a feliz presença de Deus no mundo e na vida das pessoas. Aprendi a compreender que primeiro deus se revela para mim na pessoa de Jesus Cristo e Ele me conquista através da fé das pessoas.
A missão me leva para uma realidade junto do povo, assim posso olhar com atenção, os inúmeros rostos de pessoas que lutam, que sofrem, mas que nunca perdem a fé. Portanto, em meio a diversas realidades difíceis e muitos rostos sofridos sou convencido a crer e contemplar o rosto de Deus.
Reconheço que é muito importante a formação que recebo no seminário, mas admito que a missão me fez cultivar, ainda mais, a paixão por Jesus Cristo, pois ele me fez, em certas situações, experimentar o perdão e a misericórdia e cultivar as relações sadias.
Foi, também, na Experiência Missionária que aprendi a experimentar o Reino de Deus, pois em cada pequeno gesto de perdão, acolhida, partilha, sinceridade, fidelidade e transparência percebi que ainda é possível cultivar esses valores, que parecem estar esquecidos por muitas pessoas.
Entendo que como seminarista missionário que sou, ao ser enviado em missão, devo estar com o coração sempre firme no senhor. Assim, irei compreender que em cada realidade haverá sempre uma nova revelação de Deus. Portanto, quem se apaixona por Jesus Cristo deve se apaixonar pelo Evangelho e se tornar portador da Boa Notícia.

De Sá - Pernambuco
A Experiência Missionária teve, talvez, como ponto mais importante, o encontro com a realidade do povo de Deus, que aspira uma palavra de conforto para se e para todos. A Igreja mesmo que não se faça presente no cotidiano de muitas pessoas, ainda é atualmente a instituição mais confiável, a quem a comunidade pode ir buscar o seu refúgio quando necessário.
A formação espiritual à qual fomos iniciados antes de sairmos a campo foi importante para porque deu suporte para superar e entender o verdadeiro espírito de missão, que é receber e experimentar Deus no encontro com o próximo, e, especialmente no mais pobre. Muitas famílias foram visitadas e nestas visitas percebemos a verdadeira face da comunidade. Encontramos grande número de famílias que vivem uma relação conjugal, mas que não são casadas. Um elevado percentual de jovens que não se interessam por participarem da Igreja. Alguns nem sequer são batizados e outros não tem a primeira comunhão e muitos ainda não fizeram a crisma. Quanto às crianças, a situação não é muito diferente. Falta o batismo e a primeira Eucaristia.
Mesmo com as dificuldades apresentadas, principalmente no início das visitas às comunidades, com o desenrolar da missão as dificuldades foram sendo superadas.
Quanto à acolhida das pessoas que nos hospedaram e as que nos acompanharam durante as visitas foi maravilhosa, não poderia ser melhor.


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